Em uma votação incomum que uniu parlamentares de diferentes espectros políticos, a Câmara dos Deputados decidiu nesta quarta-feira (10) suspender o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) por seis meses ao invés de cassá-lo — mantendo, assim, o mandato parlamentar. Foram 318 votos a favor da suspensão, 141 votos contrários e 3 abstenções.
Glauber classificou a decisão como uma “vitória coletiva”. Até então, a temperatura da Câmara indicava que ele perderia o mandato. A reversão da cassação foi conquistada depois que aliados de Braga buscaram apoio de outros parlamentares em busca de uma pena alternativa, e conseguiram aprovar uma emenda para alterar a punição de perda de mandato.
Do Rio Grande do Norte, votaram a favor da suspensão Natália Bonavides (PT), Fernando Mineiro (PT), Benes Leocádio (União) e Robinson Faria (PP). Por outro lado, Carla Dickson (União), General Girão (PL), e Sargento Gonçalves (PL) votaram contra a suspensão. João Maia (PP) marcou ausência.
A representação contra Glauber Braga foi apresentada pelo Partido Novo em abril de 2024, por alegação de quebra de decoro parlamentar. Glauber atribui o movimento a uma retaliação direta do ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). O episódio utilizado como justificativa formal remonta a abril de 2023, quando Glauber expulsou da Câmara um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) que havia o provocado. O militante também ofendeu a mãe de Glauber, a ex-prefeita de Nova Friburgo (RJ) Saudade Braga. Ela, que enfrentava um quadro de Alzheimer, morreu poucos dias depois.
Em discurso na sessão desta quarta, Glauber afirmou que faria “de tudo” para defender a honra de sua mãe e para proteger a sua família.
“Para defender a minha família eu sou capaz de muito mais que um chute na bunda. Todas as vezes que eu lembro da minha mãe eu me emociono. Alguns de vocês podem achar que minha ação foi destemperada. Mas foi uma ação que aguentou um provocador por sete vezes e que falou o que falou da minha mãe, uma mulher honrada. Eu não me arrependo disso e não posso pedir desculpas por defender a minha mãe”, disse.
Deputados do RN repercutem
Logo após a votação, deputados federais do Rio Grande do Norte repercutiram a decisão da Câmara nas redes sociais. Natália Bonavides (PT) disse que houve uma “derrota dos golpistas”.
“Foi votado o pedido de cassação do mandato de Glauber e foi derrotado. Foi aprovada uma suspensão de 6 meses, que é absurda, mas foi o possível diante da pressão da direita na Câmara. Vitória da mobilização do nosso campo”, classificou.
Fernando Mineiro (PT) disse que a justiça foi feita e lembrou que a emenda alternativa que garantiu a suspensão e não cassação foi apresentada pela bancada do PT.
“É a prova de que a perseguição não vai vencer. A democracia resiste quando o povo e seus representantes não se intimidam”, apontou.
Benes Leocádio (União) e Robinson Faria (PP) não comentaram a votação nas redes sociais. Carla Dickson (União) e General Girão (PL) fizeram o mesmo, e Sargento Gonçalves (PL) compartilhou apenas um trecho curto de um vídeo em que orientou, na Câmara, a votação “não” ao destaque da suspensão.
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Fonte: saibamais.jor.br



