O Seridó aparece como principal polo de ocupação cultural do Rio Grande do Norte. Dados do Sistema de Informações e Indicadores Culturais 2013–2024 (SIIC), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base no Censo Demográfico de 2022, revelam que sete dos dez municípios do estado com maior percentual de pessoas ocupadas no setor cultural estão concentrados na região. Em todo o Rio Grande do Norte, o setor cultural reunia 5.961 unidades locais, responsáveis pela ocupação de 20.590 trabalhadores. Desse total, 13.305 tinham vínculo assalariado, com um volume de R$ 354,3 milhões pagos em salários e outras formas de remuneração.
O ranking é liderado por São José do Seridó, onde 22% da população com 14 anos ou mais trabalha em atividades ligadas à cultura. Em seguida aparecem Acari (13,5%) e Jardim de Piranhas (12,7%). Completam a lista Carnaúba dos Dantas (12,0%), Cruzeta (11,7%), Parelhas (11,6%) e São Vicente (11,2%). Três municípios da microrregião Serra de São Miguel — Coronel João Pessoa, Doutor Severiano e São Miguel — também figuram entre os dez primeiros colocados. Segundo o IBGE, os números refletem uma vocação histórica do Seridó para atividades culturais associadas à produção têxtil, à cerâmica e à música, entre outros segmentos tradicionais da economia local.
Um eixo têxtil que atravessa municípios
A publicação detalha ainda os principais setores de atuação dos trabalhadores da cultura nos municípios seridoenses. Em seis deles — São José do Seridó, Acari, Jardim de Piranhas, Cruzeta, Parelhas e São Vicente — o grupo formado por alfaiates, modistas, chapeleiros e peleteiros lidera a ocupação cultural, configurando um eixo regional de produção têxtil e de vestuário.
A cerâmica surge como o segundo setor mais relevante em municípios como Acari, Carnaúba dos Dantas, Cruzeta e Parelhas, reafirmando a notoriedade da região na manufatura artesanal e na produção de peças utilitárias e artísticas. Atividades como música, artesanato em tecidos e couro, costura, bordado, marcenaria e design de interiores completam o perfil produtivo da cultura no Seridó.
Os dados indicam a presença de cadeias produtivas consolidadas, especialmente nos campos do artesanato, da música, do design e das tradições culturais. Para o chefe de Disseminação de Informações do IBGE no Rio Grande do Norte, Damião Ernane de Souza, o desempenho da região vai além dos números. “A presença de múltiplos municípios seridoenses entre as primeiras posições do ranking estadual reforça a ideia de um ecossistema criativo coeso, no qual a cultura constitui vetor estruturante de emprego, renda, identidade territorial e desenvolvimento sustentável”, afirma.

Investimento público em alta no estado
O levantamento também traça um panorama dos gastos públicos com cultura no Rio Grande do Norte. Em 2023, o governo estadual investiu R$ 79,7 milhões na área, o equivalente a 0,36% do orçamento geral do estado. O valor é mais que o dobro do registrado em 2022, quando foram aplicados R$ 39,5 milhões, correspondentes a 0,21% do orçamento.
Nos municípios potiguares, as despesas com cultura somaram R$ 245,6 milhões em 2023, crescimento de 57,3% em relação ao ano anterior. No campo dos incentivos, sete projetos culturais foram contemplados com recursos de leis de incentivo no estado, totalizando mais de R$ 2,5 milhões captados, com média de R$ 363,4 mil por projeto. Em 2022, o montante havia sido maior — R$ 3,3 milhões — distribuído entre cinco iniciativas.
Natal concentra empresas e empregos culturais
Apesar do protagonismo do interior em termos proporcionais, a capital potiguar mantém a maior concentração absoluta de empresas e trabalhadores da cultura. Em 2022, Natal abrigava 51% das unidades culturais do estado e respondia por 60% do pessoal ocupado no setor. Eram 3.042 unidades locais, com 12.400 trabalhadores, dos quais 8.437 assalariados, movimentando R$ 261,2 milhões em salários.
Em todo o Rio Grande do Norte, o setor cultural reunia 5.961 unidades locais e empregava 20.590 pessoas, sendo 13.305 assalariadas, com uma massa salarial de R$ 354,3 milhões. Mossoró e Parnamirim também se destacam entre os municípios com mais de 150 mil habitantes, concentrando, respectivamente, 5,1% e 4,5% das organizações culturais do estado.
Design e audiovisual puxam o setor empresarial
O SIIC aponta que a maior parte das unidades culturais do Rio Grande do Norte está concentrada nas chamadas Atividades Culturais Centrais, que somam 3.808 estabelecimentos, 12.688 trabalhadores e R$ 180,4 milhões em remunerações. Dentro desse grupo, o domínio de Design e serviços criativos se destaca como o principal núcleo empresarial, enquanto as Mídias audiovisuais e interativas concentram o maior contingente de pessoal ocupado e a maior massa salarial.

Em Natal, esse padrão se repete. As atividades culturais centrais reúnem o maior número de estabelecimentos e trabalhadores, com destaque novamente para o audiovisual, que responde pelo maior volume de empregos e salários. As Atividades Culturais Periféricas, representadas integralmente pelo segmento de equipamentos e materiais de apoio, também têm peso significativo na capital, com remunerações que se aproximam das registradas nas atividades centrais.
Renda abaixo da média geral
Em relação aos rendimentos, os trabalhadores da cultura no Rio Grande do Norte tiveram, em 2024, renda média de R$ 2.443, enquanto em Natal o valor chegou a R$ 3.553. Os números ficam ligeiramente abaixo da média observada nos demais setores da economia, tanto no estado quanto na capital.
O Sistema de Informações e Indicadores Culturais, que chega à sua sétima edição, consolida dados de diversas pesquisas do IBGE e de estatísticas da administração pública, oferecendo um panorama amplo e contínuo do setor cultural no país. A proposta é subsidiar estudos, análises e decisões de gestores públicos, iniciativa privada e pesquisadores interessados na dinâmica econômica e social da cultura.
Fonte: saibamais.jor.br



