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A imprensa que bate em Chico, livra Francisco

Por dever de ofício, ouço rádio, vejo televisão e leio jornais – agora digitais – e sites em busca de informações que me ajudem a compreender melhor os desafios do mundo e da vida ao meu redor.

Nessa rotina obrigatória, que me foi imposta desde jovem pela profissão de jornalista, tive o privilégio de conviver com grandes textos escritos por grandes nomes do jornalismo e de vivenciar momentos históricos da nossa imprensa.

Lembro do dia em que um colega da turma de Jornalismo de 1982, na UFRN, participou do banimento das notícias policiais das manchetes da Tribuna do Norte, num tempo em que se atribuía a esse noticiário combustível para o aumento nas vendas.

O tempo provou que o mundo dos jornais que adotaram essa nova conduta não caiu, até porque a maioria de seus leitores já se constituía de assinantes, o que desobrigava seus editores do abuso diário das manchetes escandalosas para atrair leitores às bancas da cidade.

Aliás, por falar em bancas de jornais, o fim da exposição dos exemplares na vitrine desses pequenos empreendimentos foi outra mudança que, particularmente, ainda não assimilei.

Guardo num lugar escondido da memória a emoção que sentia todas as vezes em que visitava São Paulo e frequentava as bancas da praça da República e da avenida Paulista, lotadas de jornais de todos os lugares e de revistas sobre todos os temas.

Em minha última passada por lá, encontrei de tudo que se possa imaginar nesses espaços antes consagrados à boa informação, menos revistas atualizadas e jornais, que são vendidos em pacotes fechados para uma função nada nobre de receber fezes de cães e gatos.

Outros tempos, velhas práticas. Nos sites que sucederam os jornais de outrora, porém, vejo repetir-se uma conduta que me indigna enquanto leitor, estudioso do assunto e cidadão: o tratamento desigual dispensado pelos veículos aos criminosos condenados pela Justiça ou presos pela polícia.

Nesta semana me dei ao trabalho de comparar duas notícias publicadas por um mesmo jornal em seu site para comprovar que o tratamento dispensado a dois condenados pela Justiça, escancara escandalosamente a discriminação entre pobres e ricos.

Numa página, leio que a Justiça condenou um homem pelo assassinato de três pessoas durante uma partida de futebol em Currais Novos e, em outra decisão, puniu uma servidora fantasma da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.

Na reportagem sobre a decisão do juiz que condenou o pobre, lia-se com todas as letras o nome, o sobrenome e o apelido do condenado. Já sobre a servidora que recebeu indevidamente salário de secretária, durante dez anos, enquanto estudava medicina em João Pessoa, nenhum nome, sobrenome ou referência.

Qual o critério utilizado pela imprensa para tratar dessa forma dois criminosos, reconhecidos pela Justiça como tal?… A natureza do delito?… O sobrenome de família?… O contracheque polpudo (mesmo que recebido sem a correspondente prestação de serviços)?…

Não tenho respostas, só perguntas e a indignação de quem ainda acredita que o jornalismo existe para derrubar as barreiras do preconceito e desconstruir a ideia de que, no Brasil, precisamos de cidadãos de primeira, segunda e terceira categorias para sermos um bom país.

Fonte: saibamais.jor.br

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