Final de ano costuma ser um momento para repensar a vida, projetos, metas. A história de Diogo Klinghor Pedrollo talvez seja mais uma dentre a de tantas outras pessoas em busca espiritual, de um sentido maior para a vida. Foi com esse pensamento que ele saiu de São Paulo, deixou emprego certo, se jogou no universo da Pole Dance e veio parar em Natal, onde mora atualmente.
“Saí de São Paulo e fui para João Pessoa para recomeçar a vida em um lugar diferente. Estava querendo mudar de cenário para me conhecer melhor, explorar novas possibilidades. Na época, eu não me considerava nem artista. Era técnico de mecatrônica em São Paulo e não gostava do meu trabalho. Ficava nessa busca de achar algo que me motivasse mais. Nesse processo de encontrar coisas diferentes e novas experiências, entrei numa empresa, passei por Maceió, Fortaleza e vim parar em Natal”, relata Diogo.
A mudança de cidade foi só o início da jornada. Depois de um primeiro contato e de frequentar as aulas de Pole Dance por um mês, em Maceió, Diogo mergulhou nessa arte ao chegar em Natal.
“Foi quando passei a me entender como artista do corpo, em paralelo fazia Dança Contemporânea. Mas ainda não me considerava artista, achava que era só um hobbie, não achava que isso seria profissão, mas pessoas começaram a me procurar para dar aula e vi que estavam enxergando essa potência em mim. Fiz um curso preparatório para dar aula de Pole, comecei em Neópolis por um ano e encontrei esse cantinho, onde senti necessidade de ter um espaço próprio. Investi o dinheiro que consegui nos empregos e comecei”, resume.
Hoje, Diogo mantém um espaço na Galeria Center Eudorado, na Cidade Alta, que tem saída para o Beco da Lama.
“Trabalho durante o dia e à noite dou aula. Tentei me sustentar exclusivamente com a Pole Dance por um ano, mas é muito instável. Ministro treinamentos em uma empresa durante o dia e à noite e aos sábados pela manhã dou aula de Pole Dance. Também trabalho com a linguagem circense, de improviso, faço dança solo também”, explica o artista.
Uma pesquisa realizada pelo Serasa em todo o Brasil mostra que o brasileiro tem sentimentos dúbios em relação ao trabalho. Cerca de 68% dos entrevistados disseram estar satisfeitos com o salário que recebem, apesar de 63% estarem felizes com o cargo que ocupam.
Para Diogo, mais do que uma posição profissional e um bom salário, lhe faltava motivação existencial naquilo que ele fazia.
“A Pole transformou minha vida, a pessoa que sou hoje dou graças ao Pole que me retirou certos bloqueios. Eu tinha muita vergonha de dançar, de me expressar, de trabalhar esse lado mais feminino porque trabalhamos muito o lado masculino e feminino na Pole Dance, que é a força, essa coisa do fogo, da expressão, da feminilidade, da sensualidade. Era algo que tinha bloqueado dentro de mim, mas que estava aqui dentro. Desde criança eu ficava imitando clipes de divas pop, mas com o tempo eu fui me fechando, o ambiente não era muito favorável, por isso tive que sair para poder florescer. Hoje sou muito mais à vontade comigo mesmo e vejo isso como algo que potencializa minha vida, onde solto muitas coisas que prendi por muito tempo”, desabafa.

O lugar que Diogo escolheu para as aulas de Pole Dance, como dito mais acima, foi o centro de Natal, num shopping de rua com saída para o Beco da Lama. Um espaço incomum e cheio de história.
“Estava em busca de lugares com teto alto para as barras. Aqui está um pouco menos movimentado do que era antes e achei que poderia ser uma oportunidade para trazer um movimento diferente, trazer outro tipo de arte para a Cidade Alta. Essa região não tem estúdio de Pole, todos estão na Zona Sul, em Ponta Negra, Neópolis e Capim Macio. Nessa região consigo trazer as meninas da Zona Norte, acesso para outras pessoas. A ideia é espalhar um pouco mais a Pole Dance pela cidade, para regiões carentes dessa prática”, argumenta Diogo.
O artista também aproveita o ambiente cultural da Cidade Alta e organiza eventos com apresentações abertas ao público no Beco da Lama.
“Nossa proposta é trazer movimento que some para uma região que recebe cada vez menos investimento. Estamos aqui tentando manter o espaço vivo, de alguma forma. Também, fazemos apresentações na Galeria, o pessoal adora”.
Longe dos estereótipos de mulheres e homens longilíneos e musculosos, a Pole Dance é democrática e acessível a qualquer pessoa. Basta um pouco de persistência para começar.
“Temos pessoas de todos os tipos, corpos e idades praticando Pole Dance. Qualquer pessoa que tiver vontade e constância para vir treinar pode fazer, tem que ter disciplina, uma vez na semana, no mínimo, ou duas se quiser avançar com mais agilidade, que é criar força. Se você para um tempo, realmente, já volta mais fraquinho. Tem que manter constância para evoluir na prática, mas é para todo mundo. A gente adapta para cada pessoa porque vai exigir flexibilidade, alguém tem mais facilidade com uma coisa, menos em outra… a gente vai construindo, qualquer pessoa que tiver vontade, pode vir experimentar. Você vai ver a potência do seu corpo se transformando, que consegue fazer as coisas que achava que não era possível. Você vai ganhando um certo poder sobre seu corpo, é sobre se conhecer, sobre força interna, como qualquer outra prática”, recomenda Diogo.

Fonte: saibamais.jor.br




