Carlos Lupi pediu demissão nesta sexta-feira (2) do comando do Ministério da Previdência. A saída foi oficializada após reunião entre o agora ex-ministro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Esta não é a primeira vez que Lupi deixa o comando de uma pasta na Esplanada. Em 2011, em meio a denúncias de corrupção, ele pediu demissão da chefia do Ministério do Trabalho.
Quatorze anos depois, Carlos Lupi está no centro das investigações de um esquema de fraudes e desvios de dinheiro de aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Registros e detalhes dos inquéritos conduzidos pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal levantaram suspeitas sobre o conhecimento de Carlos Lupi do esquema e uma possível omissão do ex-ministro.
Documentos obtidos pelo Jornal Nacional apontam que Lupi foi alertado, em reuniões do Conselho Nacional da Previdência Social, sobre um aumento no volume de descontos não autorizados em aposentadorias.
O tema foi ignorado ao longo de todo o ano de 2023, e a primeira medida de combate às fraudes só foi adotada pela Previdência em 2024.
Escolhido pelo agora ex-ministro, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido na semana passada. O esquema de fraudes pode ter desviado mais de R$ 6 bilhões de aposentadorias e pensões.
Stefanutto é o segundo presidente do INSS, indicado por Lupi, que acabou demitido por suspeitas de corrupção. Glauco Wamburg foi exonerado ainda em 2023 por suposto uso irregular de passagens e diárias pagas pelo governo.
Segunda vez na Esplanada e renúncia por denúncias de corrupção
Esta não foi a primeira vez que Carlos Lupi comandou um ministério. Em 2007, ele foi indicado por Lula para comandar o Ministério do Trabalho.
Lupi permaneceu no cargo até 2011, já no governo de Dilma Rousseff (PT), quando renunciou após denúncia de irregularidades na pasta. À época, ele era acusado de se beneficiar de recursos de ONGs que tinham convênio com o Ministério do Trabalho.
Em 2011, a Comissão de Ética da Presidência havia recomendado a demissão de Lupi. O então ministro se antecipou e, na ocasião, decidiu sair por conta própria.
Gestão no PDT
Carlos Lupi se tornou presidente nacional do PDT após a morte de Leonel Brizola. Ele está no comando do partido desde 2004, com sucessivas reeleições ao longo dos anos.
Sob o comando de Brizola, o PDT havia se afastado de Lula. Nos primeiros anos da gestão de Lupi, a decisão foi mantida. Até que, em 2007, ele aceitou integrar a Esplanada do petista.

A partir disso, o PDT ensaiou alinhamento ao PT. O partido esteve ao lado de Dilma nas candidaturas de 2010 e 2014.
Em 2018, com a impossibilidade de Lula de disputar o Planalto, o PDT lançou candidatura própria. O mesmo ocorreu em 2022 — até o segundo turno, quando Carlos Lupi anunciou apoio a Lula.
Vida política
Carlos Roberto Lupi tem 68 anos e é formado em administração. Amigo de Leonel Brizola, participou da fundação do PDT, em 1979.
Ele ocupou cargos na gestão de Brizola no governo do Rio de Janeiro, entre 1983 e 1987. Lupi também esteve à frente da Secretaria Municipal de Transportes do Rio.
Carlos Lupi foi deputado federal entre os anos de 1991 e 1995. Em 2002, foi derrotado na disputa ao Senado pelo Rio de Janeiro.



