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Policial potiguar chega à final do Prêmio Jabuti 2025 com romance que reconta o cangaço

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Um cangaceiro que foge do sangue, filho de uma união improvável entre um farrapo gaúcho e uma indígena janduí, e espião infiltrado no bando de Jesuíno Brilhante, o “cangaceiro romântico”. Assim nasce Zé Doido, protagonista de Flor do Mandacaru – O Amor em meio ao Cangaço, obra de estreia do potiguar Claudionor de Oliveira Júnior, conhecido como “Teimoso Zen”, 2º sargento da Polícia Militar do Rio Grande do Norte. O livro agora é finalista do Prêmio Jabuti 2025, o mais importante reconhecimento literário do país.

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O anúncio dos cinco finalistas de cada categoria foi feito nesta terça-feira (7) pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). Claudionor concorre na categoria Escritor Estreante – Romance, no eixo Inovação. Os vencedores serão revelados em 27 de outubro, em cerimônia no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com transmissão ao vivo pelo YouTube da CBL.

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“Eu escrevia depois do trabalho, uma página por dia, às vezes meia. Foi um exercício de paciência e amor. Desejo que as pessoas se encontrem aqui, encontrem a história dos seus avós. Dedico essa obra à memória dos meus”, contou o autor, que soma 24 anos de carreira na PMRN e atua como instrutor do PROERD no Batalhão de Policiamento Escolar e Prevenção às Drogas e Violência (BPRED). Claudionor também é voluntário da Cruz Vermelha do RN, coordenando cursos de Atendimento Pré-Hospitalar.

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Um regionalismo enraizado no sertão potiguar

Flor do Mandacaru mergulha no regionalismo nordestino, mas com olhar tipicamente potiguar. O romance se passa no contexto da trajetória de Jesuíno Brilhante, nascido em Patu em 1844, lembrado como o “cangaceiro gentil”, defensor dos pobres, que dividia o que tomava dos coronéis para garantir alimento e dignidade aos mais vulneráveis.

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É nesse cenário que surge Zé Doido, um cangaceiro contraditório: habilidoso no combate, mas avesso à violência. Mais do que ação, o livro fala de amor, resistência e humanidade, evocando o mandacaru que floresce em meio à seca.

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“Eu sempre me incomodei com o fato de o Rio Grande do Norte ter histórias riquíssimas e isso não estar nas leituras das escolas. A gente fala de Lampião, mas antes dele existiram outros cangaceiros. Jesuíno é um símbolo de coragem e solidariedade”, explica Claudionor.

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Além do Jabuti, Flor do Mandacaru concorre ao Prêmio Candango, em Brasília, na categoria Melhor Romance, e ao Prêmio São Paulo de Literatura, também como autor estreante.

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A 67ª edição do Prêmio Jabuti recebeu 4.530 obras inscritas, distribuídas entre os eixos Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação. O curador do prêmio, Hubert Alquéres, destacou: “O número de inscrições demonstra a vitalidade da produção literária brasileira e a importância do Jabuti. É uma honra ver tantas vozes emergentes e diversas chegando à final.”

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Os vencedores das 23 categorias receberão a estatueta do Jabuti e R$ 5 mil. O livro contemplado com o título de Livro do Ano ganhará R$ 70 mil e uma viagem à Feira do Livro de Londres, em celebração ao Ano da Cultura Brasil–Reino Unido.

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