Nesta segunda-feira (1º), o Dia Mundial de Combate à AIDS volta a mobilizar governos, profissionais de saúde e sociedade civil em torno da prevenção, da testagem e do enfrentamento ao estigma. Criada em 1988 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e adotada pela ONU, a data se consolidou como o primeiro marco global dedicado à conscientização sobre uma doença, surgindo no auge da epidemia, quando a mortalidade era alta e a desinformação alimentava preconceitos. Décadas depois, os avanços científicos transformaram o HIV em uma condição crônica tratável, mas há desafios permanecem.
No Rio Grande do Norte, os dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Saúde reforçam a necessidade de atenção contínua. As informações atualizadas em 2024 mostram que o estado segue registrando crescimento nas notificações de HIV. Em 2023, 70,7% dos novos casos ocorreram entre homens, com destaque para a faixa de 20 a 29 anos, responsável por 41% das infecções masculinas. Há também predominância de registros entre pessoas pretas e pardas, que representam 63,2% das notificações. Embora os relatórios confirmem a tendência de aumento, ainda não há números consolidados de 2024 e 2025, já que o fechamento dessas estatísticas ocorre apenas no fim do ano seguinte.
Apesar do avanço das infecções, o RN mantém queda na mortalidade por Aids. Em 2023, o estado teve 119 mortes, o menor número da década, e acumula redução de 18,2% nos óbitos entre 2013 e 2023. Os casos de Aids também caíram 22,6% no mesmo período. Especialistas atribuem o cenário à ampliação do diagnóstico precoce e ao acesso ao tratamento antirretroviral. Ainda assim, o crescimento das novas infecções entre jovens acende um alerta sobre a necessidade de fortalecer ações de prevenção e testagem.
Atualmente, o Brasil oferece tratamento gratuito e universal pelo SUS, e a prevenção combinada se tornou parte essencial da política de saúde. Além dos preservativos, ganham destaque estratégias como Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), Pós-Exposição (PEP), testagem regular e início imediato do tratamento para quem recebe diagnóstico positivo. Para o infectologista Dr. Lucas Carvalho, que atua na atenção especializada em doenças infecciosas, ampliar o conhecimento é decisivo.
“O Dia Mundial de Combate à AIDS não é uma data comemorativa, mas um alerta. Ele existe porque ainda precisamos falar sobre prevenção, acolhimento e direitos. Sem informação de qualidade, o estigma cresce”, afirma.
Segundo ele, o diagnóstico precoce permanece como um dos pilares para reduzir a transmissão do vírus. Quando o tratamento antirretroviral mantém a carga viral indetectável, não há risco de transmissão sexual, princípio reconhecido internacionalmente como U=U (indetectável = intransmissível). “É uma informação libertadora e ainda pouco difundida”, reforça o infectologista. No SUS, os testes rápidos são gratuitos, sigilosos e ficam prontos em minutos.
Mesmo com avanços expressivos na ciência, o estigma que cerca o HIV continua sendo um dos maiores obstáculos. No Dia Mundial de Combate à AIDS, precisamos lembrar que saúde também é respeito, empatia e políticas públicas que garantam dignidade”, destaca Dr. Lucas Carvalho.
O Dia Mundial de Combate à AIDS, portanto, ultrapassa o simbolismo do calendário. É um lembrete de que prevenir, testar, tratar e acolher são ações coletivas e urgentes, especialmente em um cenário em que a desinformação ainda circula com velocidade. A data recupera décadas de luta e aponta para o que ainda precisa ser feito para enfrentar a epidemia com responsabilidade, cuidado e respeito.
SAIBA+
A descoberta e tratamento do HIV aos 15 anos
Fonte: saibamais.jor.br
