O Conselho Estadual de Direitos Humanos e Cidadania do Rio Grande do Norte (Coedhuci/RN) realiza, no dia 17 de dezembro, a solenidade de entrega da Comenda Mery Medeiros de Direitos Humanos, honraria concedida a defensoras, defensores e organizações que se destacam pela atuação na promoção, defesa e fortalecimento da dignidade humana no estado. A cerimônia acontece às 14h, no Auditório da Escola de Governo, em Natal, é aberta ao público e integra a agenda institucional de valorização dos direitos humanos no Rio Grande do Norte.
A comenda é concedida em parceria com a Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos (Semjidh) e tem como objetivo reconhecer trajetórias marcadas pelo compromisso público com os direitos humanos, a democracia e a justiça social. Nesta edição, 21 homenagens serão entregues a pessoas e a uma organização da sociedade civil, selecionadas a partir de sua atuação ética e do impacto de seu trabalho junto a diferentes comunidades.
Para o presidente do Coedhuci/RN, Jan Varela, a solenidade reafirma o papel do reconhecimento público como instrumento de memória e fortalecimento da democracia. “A Comenda Mery Medeiros é uma forma de reconhecer trajetórias que, muitas vezes, se constroem longe dos holofotes, mas que são fundamentais para a garantia de direitos e para a consolidação da cidadania no Rio Grande do Norte”, afirmou.
Serão homenageados: Alexandre Motta; Ana Patrícia de Sousa Santiago; Auriceia Xavier de Souza; Chritian Lira de Vasconcelos; Cícero Araújo da Silva; Daniele Vitória Lima da Silva; Sulamita Bezerra Pacheco; Fabrício Bruno Silva de Oliveira; Habyner Alexandrino Moura de Lima; Ilana Lemos de Paiva; João Maria Mendonça de Moura; Kelly Lima Maia; Lauro Gabriel Bezerra Santos; Marco Bruno Miranda Clementino; Maria Helena Melo dos Santos; Olga Aguiar de Melo; ONG Benção; Roberto Brandão Furtado (in memoriam); Sérgio Fabiano Cabral; Tertuliano Cabral Pinheiro; e Zuleide Pedro da Silva.
Quem foi Mery Medeiros
Mery Medeiros foi uma referência histórica da luta pelos direitos humanos no Rio Grande do Norte, com trajetória marcada pela atuação junto à classe trabalhadora, aos movimentos camponeses, sindicais, estudantis e culturais. Militante político desde o início da década de 1960, participou ativamente dos processos de organização popular no estado, especialmente no contexto das Ligas Camponesas, ao lado de lideranças como Francisco Julião e Floriano Bezerra.
Antes e depois do golpe civil-militar de 1964, Mery esteve inserido nas mobilizações em defesa das reformas de base, da reforma agrária e da soberania nacional. Com a instauração da ditadura, foi preso e sofreu os impactos diretos da repressão política, que desarticulou movimentos populares e interrompeu experiências democráticas em curso, como as promovidas no governo do presidente João Goulart e na gestão do prefeito Djalma Maranhão, em Natal.
Mesmo diante da repressão, Mery manteve sua atuação política ao longo do período autoritário, integrando campanhas pela anistia, pela convocação de uma Assembleia Constituinte e pela retomada das eleições diretas para os cargos executivos. No processo de redemocratização, seguiu engajado na defesa da democracia e dos direitos sociais, mantendo diálogo permanente com jovens, sindicalistas e movimentos populares.
Sua trajetória está registrada no acervo do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular e do Comitê Estadual pela Verdade, Memória e Justiça do Rio Grande do Norte. O depoimento de Mery Medeiros integra o primeiro DVD multimídia disponibilizado ao público por essas instituições, com o objetivo de preservar a memória das lutas populares e da repressão política ocorrida no estado entre 1945 e 1985.
Ao longo de mais de cinco décadas de militância, Mery Medeiros contribuiu para o resgate da memória histórica das lutas sociais no Rio Grande do Norte, consolidando-se como uma das vozes fundamentais na defesa da dignidade humana, da justiça social e da democracia.
Fonte: saibamais.jor.br



