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Uma semana após troca de medicação, UPAs continuam com déficit de pessoal

Nesta terça (23) completa uma semana que uma paciente de 19 anos teve a medicação trocada na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Potengi, na Zona Norte de Natal. O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde/RN) classificou o caso de “tragédia anunciada” diante da situação de déficit de profissionais e sobrecarga de trabalho, problema que continua a se repetir. 

“Falta pessoal! Às vezes temos três ou quatro enfermeiros para cobrir todos os setores, são consultórios adultos – a sala verde, a sala amarela com os casos de urgência, a sala vermelha onde são atendidas as emergências, medicação, pediatria, medicação da pediatria e setores de isolamento, quarentena. O profissional tem que fazer o controle de medicação de cada paciente, atos clínicos com preenchimento de prontuário e repassar aos médicos todas as informações. É obrigatório ter profissionais em todos os setores, mas o que acontece é que um cobre mais de um. Com os plantões de 12h, que precisa de descanso, já ocorreu de triagem ficar sem enfermeiro porque ele teve que ser reconduzido para atender urgência”, relata Henrique Eduardo Pereira, coordenador do Sindsaúde/ RN. 

Além do déficit de pessoal, outro problema enfrentado pelos profissionais da saúde nas UPAs é a falta de equipamentos adequados. 

Trabalhamos no limite prudencial e fazer o desdobramento disso pode ocasionar falhas. No raio-X temos problema com um aparelho que está parado há mais de ano. Quando tentaram colocar para funcionar, viram q não há nem peça de reposição. Colocaram então um móvel, mas que é incapaz de fazer mais da metade dos exames. É só para dizer que existe aparelho de raio-X e não ter que responder às autoridades, mas o setor não tem funcionamento adequado. É um funcionamento que, na verdade, não funciona. Tem sido dessa mesma forma. Se tem uma paciente para fazer exame de glicose, temos que procurar um aparelho que fica rodando em todos os setores, quando ele deveria estar à mão para atender de forma imediata o paciente, ficamos procurando sem saber onde está, esse é o hospital que temos. O fluxo criado pela secretaria permite que erros aconteçam, você precisa estruturar o serviço”, lamenta Henrique. 

As UPAs do Pajuçara, Potengi, Cidade Satélite e Esperança são responsáveis por cerca de 40 mil atendimentos por mês. Segundo o Sindsaúde, numa mensuração feita pela própria Prefeitura do Natal, foi calculado um déficit de cerca de 40% de mão de obra no setor. 

Quando a pandemia ocorreu foi feito um contrato para atender a demanda. Mas, antes já existia esse déficit. A questão é que depois da pandemia, muitos contratos foram finalizados. A Prefeitura disse que não havia necessidade, voltamos à deficiência que existia. A população tem aumentado e adoecido, precisa do serviço. Se desde 2018, quando foi feito o último concurso, ninguém foi chamado, não conseguimos suprir a demanda. Tentmos negociar desde março a convocação e sempre dizem que não. A realidade é que não temos expectativa porque o próximo ano é de eleição. Se tivesse de haver alguma convocação, teria de ser até seis meses antes do início do processo eleitoral”, avalia Henrique. 

Com a chegada do verão e o aumento das doenças sazonais, a situação tende a se agravar com a maior procura de pacientes. 

“Com o verão temos também a chegada de doenças sazonais, por causa da mudança de clima e temperaturas muito quente. Nesse período, a procura mais que dobra, principalmente, casos de crianças”, adianta o coordenador do Sindsaúde. 

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Natal informou que “está em tramitação um processo seletivo para contratação de profissionais de saúde, o que vai auxiliar no reforço da rede. Em paralelo, está realizando os tramites para um novo concurso público para a área da saúde de Natal que visa suprir a médio e longo prazo a demanda de profissionais nos serviços de saúde do município“.

Medicação errada

Uma paciente de 19 anos teve uma parada cardiorrespiratória depois de ser medicada na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Potengi, na Zona Norte de Natal. Segundo o Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Norte (Coren), houve troca de medicamentos. Gabriely Barbosa de Melo chegou com um quadro gripal na noite do dia 16, mas acabou recebendo Succinilcolina, um tipo de relaxante muscular utilizado no período da Covid-19 na entubação.  No dia 18 o Coren fez uma visita de inspeção à UPA Potengi para averiguação do caso como parte dos trabalhos para apuração interna.

Terceirização das UPAs 

A Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS) suspendeu, em edição extraordinária do Diário Oficial do Município (DOM) publicada em 4 de setembro, o cronograma dos editais que previam a transferência da gestão das quatro UPAs da capital para Organizações Sociais de Saúde (OSS). Estava prevista para o dia 15 o início do novo modelo. 

Segundo a SMS, a preocupação foi assegurar a “adequada condução do procedimento”, em consonância com resolução do Tribunal de Contas do Estado (TCE/RN), que recomendou a paralisação imediata dos contratos após apontar pelo menos quatro irregularidades, como ausência de cálculos que comprovem economicidade, falhas no cronograma de repasses e exigências indevidas de inscrição das OSSs no Conselho Regional de Administração. 

Justiça determinou suspensão de terceirização 

Por falta de estudos aprofundados, a 6ª Vara da Fazenda Pública determinou a suspensão imediata da terceirização da gestão das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Natal: Pajuçara, Potengi, Cidade Satélite e Esperança. 

A Prefeitura planejava fazer o repasse da gestão das Unidades para três Organizações Sociais de Saúde (OSS). O Instituto Saúde e Cidadania (Isac) seria responsável por gerir a UPA Pajuçara e a UPA Potengi. Já a UPA Satélite seria administrada pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Humaniza e UPA Esperança pelo Centro de Pesquisa em Doenças Hepato Renais do Ceará. 

As quatro UPAs da capital são responsáveis por cerca de 40 mil atendimentos por mês. Segundo a Prefeitura do Natal, o município investe cerca de R$ 10 milhões mensais nas unidades e recebe menos de R$1 milhão de repasses. De acordo com o edital, o valor mensal a ser repassado pela Secretaria Municipal de Saúde para “gerenciar, operacionalizar e executar as ações e serviços de saúde” das UPAs de Cidade Satélite, Potengi e Pajuçara seria de R$ 2,2 milhões para cada uma. 

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Fonte: saibamais.jor.br

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