Com a chegada do verão e o aumento da exposição solar, o mês de dezembro assume papel estratégico no calendário da saúde pública. É nesse período que a campanha “Dezembro Laranja” ganha força em todo o país, chamando atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de pele, o tipo de câncer mais frequente no Brasil e um problema de impacto crescente também no Rio Grande do Norte.
Criada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, a campanha busca alertar a população sobre os riscos da exposição excessiva ao sol, prática comum sobretudo nos meses mais quentes do ano. O câncer de pele está diretamente associado à radiação ultravioleta e, apesar de apresentar altas taxas de cura quando identificado precocemente, ainda é responsável por milhares de procedimentos cirúrgicos e tratamentos prolongados todos os anos no país. As estimativas do Instituto Nacional do Câncer indicam que, no triênio de 2023 a 2025, o Brasil registrou cerca de 220 mil novos casos anuais de câncer de pele não melanoma, que corresponde à maioria dos diagnósticos. Já o melanoma, embora menos frequente, concentra os maiores índices de mortalidade devido ao seu caráter mais agressivo.
No Rio Grande do Norte, onde a incidência de radiação solar é elevada durante praticamente todo o ano, os números reforçam a importância da campanha. Dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer) apontam que o estado encerrou o ano de 2023 com uma estimativa de aproximadamente 3.460 novos casos de câncer de pele, em sua maioria do tipo não melanoma. Para o mesmo período, as projeções indicam cerca de 110 novos casos anuais de melanoma no RN, número que, apesar de menor, exige atenção especial pela gravidade da doença. Embora os dados oficiais mais recentes sejam divulgados por triênios e não detalhem números fechados por ano para 2024 e 2025, o instituto indica tendência de manutenção e crescimento dos diagnósticos, acompanhando o cenário nacional.
O dermatologista Marcone Oliveira explica que o perfil climático do estado é um fator determinante para esse cenário:
“A exposição solar acumulada ao longo da vida é o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pele, especialmente em regiões como o Rio Grande do Norte. O uso de protetor solar deve ser diário e contínuo, independentemente de a pessoa estar na praia, no trabalho ou em atividades de lazer“, afirma.
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Ele ainda ressalta que a proteção deve incluir também chapéus, roupas adequadas e óculos escuros, além da redução da exposição direta ao sol nos horários de maior intensidade. O especialista alerta ainda que manchas que mudam de tamanho ou cor, feridas que não cicatrizam e lesões com bordas irregulares precisam ser avaliadas por um dermatologista o mais rápido possível.
Entre 2023 e 2025, ações de conscientização e mutirões de atendimento realizados por entidades médicas e pelo poder público no Rio Grande do Norte contribuíram para ampliar o acesso ao diagnóstico, especialmente em áreas do interior.
Ainda assim, o dermatologista chama atenção para a subnotificação e para a dificuldade de acompanhamento de pacientes, principalmente entre trabalhadores rurais, pescadores e pessoas que exercem atividades ao ar livre, grupos mais vulneráveis à exposição solar prolongada.
A campanha Dezembro Laranja também busca desconstruir a percepção de que o câncer de pele é uma doença simples ou de baixo risco. Embora muitos casos sejam tratados com sucesso, o diagnóstico tardio pode resultar em cirurgias mais extensas, impactos estéticos e funcionais e, no caso do melanoma, risco elevado de morte. Por isso, a informação e a prevenção seguem sendo as principais ferramentas para reduzir o impacto da doença.
No Rio Grande do Norte, onde o sol faz parte da identidade cultural e do cotidiano da população, o alerta do Dezembro Laranja ganha ainda mais relevância. A prevenção do câncer de pele não deve se limitar ao mês de dezembro, mas ser incorporada como prática permanente de cuidado com a saúde, capaz de reduzir adoecimentos evitáveis e salvar vidas ao longo do tempo.
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Fonte: saibamais.jor.br
