Foto: Magnus Nascimento
A Agência Nacional de Mineração (ANM) autorizou a extração de areia de uma nova jazida para as obras de engorda da praia de Ponta Negra, em Natal. As obras, que já atingiram 20% de execução, são vistas como essenciais para conter a erosão costeira que afeta a região. O documento oficial da ANM, obtido pela TRIBUNA DO NORTE, estabelece duas condicionantes para a dispensa de título minerário: a areia extraída não poderá ser comercializada, e a autorização só terá validade enquanto durar a obra e com a devida licença ambiental.
A Secretaria de Infraestrutura de Natal solicitou permissão para extrair 1,5 milhão de m³ de areia, dos quais 1,1 milhão de m³ serão utilizados nas obras. A Prefeitura precisou buscar uma nova fonte de areia após a jazida original, anteriormente escolhida, ser descartada devido a problemas identificados pela Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura (Funpec), que encontrou cascalhos e areia inadequada para o projeto.
As obras, que foram retomadas em setembro após a descoberta da nova jazida, estão dentro do cronograma previsto e devem ser concluídas entre os dias 5 e 20 de dezembro de 2024. A expectativa é de que a faixa de areia da praia de Ponta Negra seja ampliada para até 100 metros durante a maré baixa e 50 metros na maré alta, beneficiando também parte da Via Costeira.
O projeto de engorda de Ponta Negra é considerado fundamental para recuperar a praia, que vem sofrendo com a erosão causada pelo avanço do mar. A obra, que prevê o alargamento da faixa de areia ao longo de 4 quilômetros, também visa preservar o Morro do Careca, um dos principais cartões-postais de Natal, cuja estrutura vem sendo alterada pela erosão.
Em dias de maré cheia, áreas de lazer como bares e barracas, além dos próprios banhistas, têm sido impactados, com o mar avançando sobre a estreita faixa de areia existente. A empresa paulista Tetratech, responsável pelos estudos de viabilidade, propôs o “empréstimo” de areia de uma jazida submersa em Areia Preta para atender à demanda de Ponta Negra.
Desafios e escolhas técnicas
A escolha de iniciar as obras na região próxima aos hotéis, e não no Morro do Careca, gerou questionamentos entre os moradores. No entanto, o secretário municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, Thiago Mesquita, esclareceu que a decisão se baseou em fatores técnicos, como a topografia da área e as correntes marítimas. Segundo Mesquita, a praia de Ponta Negra é uma baía com variações de altura que agravam a erosão em determinados pontos.
“Para encher o aterro, começamos pelas áreas mais baixas, onde é necessário mais material para nivelar a topografia, antes de chegar ao Morro do Careca”, explicou o secretário. Ele também destacou que as correntes marítimas justificam o início das obras na área dos hotéis, onde a ação do mar é mais intensa.
Essa abordagem, segundo Mesquita, não só otimiza o processo como também garante maior durabilidade à obra. O secretário reforçou que a ordem de execução – começando pela área dos hotéis em direção ao Morro do Careca – é crucial para o sucesso e a eficiência do projeto.