Desde que assumiu a Prefeitura de Natal em janeiro, Paulinho Freire (União Brasil) tem encontrado dificuldades para impor sua marca na gestão municipal. A herança deixada pelo ex-prefeito Álvaro Dias (Republicanos) parece ser um fardo que impede o novo gestor de sair dos gabinetes e ir para as ruas, acompanhando obras e ouvindo a população. A necessidade de lidar com pendências da administração anterior tem travado seu governo, e a crise na Saúde é um dos reflexos mais evidentes desse cenário.
Paulinho já realizou três trocas no comando da Secretaria Municipal de Saúde em pouco mais de um mês de mandato. A mais recente mudança veio à tona dias depois de a pasta reconhecer oficialmente um déficit de **R$ 75 milhões herdado da gestão passada**. Esse rombo financeiro impõe desafios para garantir o funcionamento dos serviços essenciais e compromete a imagem de eficiência que Paulinho sempre cultivou ao longo de sua trajetória política.
O prefeito, que carrega a fama de ser um “cumpridor de acordos”, precisa agora provar que sua gestão não será refém dos compromissos deixados pelo antecessor. Para isso, terá que romper de vez com a influência de Álvaro Dias e expor as dificuldades herdadas, evitando que sua administração seja vista como mera continuação da anterior.
A população natalense cobra mais presença e ação direta do prefeito, que, até o momento, tem sido mais visto administrando problemas internos do que visitando bairros, fiscalizando obras ou dialogando com os eleitores. Se Paulinho Freire deseja consolidar sua liderança e se distanciar dos erros do passado, precisará agir com mais independência, deixando claro que sua gestão tem um rumo próprio. Caso contrário, pode acabar carregando, além do peso da administração anterior, o desgaste político de não conseguir imprimir sua própria identidade na Prefeitura de Natal.
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